sábado, 2 de junho de 2012

BIODIGESTORES


 
São 5 mil novas bocas para alimentar a cada mês. E elas nascem vorazes. Com 60 dias de vida, cada porquinho já comeu mais do que o próprio peso em ração. De acordo com o órgão ambiental gaúcho, um único porco polui mais do que cinco seres humanos. Em Santa Rosa, na fronteira com a Argentina, são mais de 200 mil suínos. "Se for jogado direto para a natureza, não há condições de ser assimilado", diz o professor de engenharia Eliseu Kotlinski. Eliminar a sujeira virou questão de honra para o empresário Pedro Carpenedo, mas não foi nada fácil encontrar a solução ideal. Ele construiu sistemas que não funcionaram, contratou especialistas, gastou mais de R$ 200 mil. Por que ele não desistiu? "Eu sou teimoso", brinca. "As coisas fáceis, todo mundo faz. Precisamos fazer as coisas difíceis". Foram anos experimentando até chegar à fórmula ideal: os biodigestores. Os dejetos são depositados em bolhas feitas de lona e lá dentro viram alimento para as bactérias. Os biodigestores têm forma de balão porque estão cheios de gás. É o metano, que, se liberado na atmosfera, prejudica a camada de ozônio. Na propriedade de seu Pedro, ele é conduzido através de uma tubulação e cuidadosamente medido. Só nos últimos cinco meses, mais de 111 mil metros cúbicos de metano viraram energia elétrica. Ele é o combustível para dois geradores, que reduziram em mais de 70% os gastos com eletricidade. "Na conta da granja, representou uma economia de R$ 8 a R$ 9 mil por mês", revela seu Pedro. Usado nos motores, o metano polui menos. "Polui 20 vezes menos. Vai poluir? Sim. Nós não temos mais que procurar uma forma que zere a poluição. O ideal é reduzi-la. Essa forma é benéfica", diz o engenheiro agrônomo Luiz Fernando Rocha. E ainda gera créditos de carbono. O gás que passou pelo reloginho vai virar dinheiro. Seu Pedro assinou o Protocolo de Kioto e vendeu para empresas do Japão tudo o que deixou de lançar na natureza. "Me sinto cumprindo meu dever. Uma das minhas finalidades de sempre era criar condições melhores para meus empregados ao menos e trazer benefícios para comunidade visando 'money'", conta seu Pedro. MAIS INFORMAÇÕES: - Pedro Carpenedo – empresário E-mail: territorio@territorio-sr.com.br - Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) – Regional Santa Rosa (RS) Luis Fernando Rocha – engenheiro agrônomo E-mail: rochaambiental@gmail.com.br - Eliseu Kotlinski – professor da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) – Santa Rosa (RS) E-mail: eliseuk@unijui.edu.br

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